EXTINÇÃO

Quando um plot twist salva uma produção
Pegue sua esposa, salve suas crianças! Os alienígenas estão invadindo a terra!
Nos filmes apocalípticos, a vida no nosso planeta é ameaçada por seres invasores de vários tipos possíveis. Zumbis, desastres ambientais, asteroides, planetas e... Extraterrestres. Os campeões de invasão. Mas quem pode julga-los, não é? Até nós, terráqueos, desejamos manter contato com os nossos amigos marcianos.
Na maioria das vezes os alienígenas são colocados como seres com inteligência desenvolvida e uma ameaça perigosa com o único objetivo de exterminar a raça humana.
A chegada, Independence day, Contatos imediatos do terceiro grau, Guerra dos mundos e agora, Extinção. O novo titulo original da Netflix.
Nele vemos o planeta terra em um futuro próximo, tecnológico e civilizado. Isso é percebido até pelo modo que as pessoas andam e se comunicam uma com as outras. Pode parecer algo típico de filmes futuristas, onde as pessoas estão quase sempre engessadas e vestindo roupas com as mesmas paletas de cores, mas no decorrer da história vai se tornando claro o motivo.
Nesse ambiente vive Peter (Michel Penã), um homem simples que trabalha além da conta e por passar o dia todo fora de casa, acaba criando atritos com a esposa, Alice (Lizzy Caplan) e as duas filhas. Porém isso não é o maior problema de Peter. Ele tem sonhos confusos frequentes onde ver sua cidade sendo atacadas por seres não identificados que vêm do céu.
Até aí tudo bem. Temos um enredo interessante que pode ser bem trabalhado. Porque fica aquela dúvida se o assunto dos sonhos de Peter será retratado como algo mais sobrenatural, tipo premonição, ou não?
A interação de Peter com sua família também é muito estranha. Não sei se essa é a opinião da maioria, mas alguma coisa não se encaixou. Peter e Alice como marido e mulher não parecem terem um vínculo parental com as suas filhas. O motivo disso deve ser tanto por uma má escolha de elenco quanto proposital. Ver Michel Penã em um papel completamente oposto ao que ele é mais conhecido ( o impagável Luis de Homem Formiga) causa uma estranheza, apesar de fazer muito bem o seu trabalho com a carga dramática que seu personagem precisa.
No começo, toda essa falta de harmonia nos primeiros momentos de EXTINÇÃO acaba se encaixando adiante.
Vai por mim...

Depois de todo mundo achar que Peter é louco e não acreditar em seus sonhos. Adivinha? Sim. A invasão acontece e ela é muito violenta. Eles destroem a cidade, caçam e matam pessoas sem misericórdia. Agora o filme teria todas as ferramentas para ser um ótimo thriller de ação. Uma luta pela sobrevivência.
Mas não foi bem assim. Cenas mal ensaiadas, confusas... Para ser bem sincera, os únicos momentos que meu coração acelerou foram nas cenas que a filha mais nova de Peter fazia alguma besteira como sair do esconderijo e ficar na linha de visão do alienígena ou ficar parada na rua enquanto a nave metralhadora está chegando. Mas enfim, coisas de criança de cinco anos. Tirando isso, confesso que a sequencia do ataque me deu muito sono e uma vontade de procurar outro filme.
Então, quando pensava que tudo estava perdido, chegou ele! O Plost Twister salvador dos filmes oprimidos. Uma reviravolta acontece e ela é genial. Todo o plano, todo o conceito que se imaginava, tudo que pensava ser... Não era.
Escrevendo até aqui pensei algumas vezes se contaria o grande feito do roteiro, por consequência um spoiler master, ou não? Mas como não consigo guardar para mim, aí vai: Quando Peter consegue capturar um de seus inimigos, descobrimos que ele não é verde, comprido e com o cérebro fora da cabeça.

Eles são humanos.
E Peter, Alice e companhia, quem são? Lembra do que eu falei sobre as atitudes suspeitas deles.
A partir desse ponto EXTINÇÃO toca em um assunto atual e discutido por muitos: Inteligência Artificial. Quando as maquinas vão se dar conta de sua independência? Quando elas se revoltarão contra os humanos?
E não é que aconteceu? Os robôs exterminaram os humanos do planeta e os que conseguiram fugir conseguiram abrigo em outro planeta: Marte. Para ajudar na reestruturação dessa nova sociedade foi necessário que alguns tivessem suas memorias substituídas. Naturalmente fazendo-os montarem famílias e terem empregos normais. Mas algumas pessoas, como Peter ainda continuaram com pequenos resquícios da guerra. O que explica suas "premonições" .
O ataque do começo do filme nada mais é do que um contra-ataque dos humanos para recuperar seu lar.
No final das contas, quem imaginávamos serem os oprimidos na verdade foram os opressores. Uma espécie de "Os outros" da ficção científica.
Mas não pense que por causa disso, os androides se tornaram os vilões e os humanos os mocinhos. Depois de tudo, acabamos criando afinidade com o drama de Peter e os outros moradores androides. Isso não diminui em nada a fidelidade que se tem ao defendê-los.
O final do filme nos dá muitas pontas soltas. Os humanos vão continuar atacando? Peter e sua família continuarão fugindo? Quem sairá vencedor nessa guerra entre humano e máquina?
A conclusão final é que EXTINÇÃO terminou com muito pano para manga e várias coisas podem ser aprofundadas.
Para quem chegou a pensar em desistir do filme pela metade posso dizer que se tiver uma sequência, com certeza assistirei.